O retomar com vigor nos rejuvenesce e dá base para o futuro. O dito popular afirma que “Quem vive do passado é museu”. Se entendermos o dito como um aprisionar-se ao passado, tentando tirar dele alguma seiva de vida, então o passado é morte, nunca vida. Quem faz isso acaba sufocando-se e patinando em cima de uma esteira do tempo. Ninguém vive do passado, embora alguns insistam em viver no passado, no sentido de querer forçar ou repetir sua ação no tempo presente. Os museus na verdade não vivem do passado, mas guardam, estudam e cuidam dos objetos e de tudo o que constitui a memória de um povo. Mas o fazem para acordar nos seus visitantes e frequentadores a responsabilidade pelo presente, e para que eles, em se reencontrando com suas raízes, recriem seu presente e deem as boas bases para o seu futuro. Por sua vez, ir ao passado para recordá-lo deve ser um gesto de mergulho radical nas origens ou fontes de tudo aquilo que deixou marcas positivas ou negativas em nosso ser, em nossas relações, em nossa cultura ou em nossa civilização. Essa ida é uma re-criação, jamais uma repetição. Recordar, por sua vez, é uma espécie de mergulho no fundo mais profundo do passado para resgatar nele e através dele as verdadeiras forças e potencialidades que constroem e solidificam o presente. Isso jamais deve ser um esforço de tentar repeti-lo. A repetição do passado só tem sentido se for um pedir de novo (daí o re-petir) e de modo novo o novo e originário do passado que nunca passa. Quem entende isso pode sabia e incansavelmente viajar ao passado e aprender dele tudo o que é necessário e importante acolher para forjar bem o tempo presente. Pode, também, com muita abertura aconselhar-se com tudo o que representa a própria memória e a memória dos antepassados para fundar e recriar sua própria história junto aos seus conterrâneos. Hoje o que nos impede a criatividade do presente e a nossa transformação para o futuro tem sido tantas vezes o aprisionamento ao passado; a repetição neurótica dele no presente ou a ojeriza que temos a ele e que nos faz tapar os olhos e a memória para ele sem levá-lo em consideração. O passado nunca deve ser ignorado, repetido (no sentido negativo da palavra) ou idolatrado; mas retomado, recriado, reinventado, recordado (no sentido positivo da palavra) e reorientado nas pessoas e nos povos, pois se for ignorado e repetido ele nos condena, mas se for recriado e reorientado ele nos rejuvenesce, transforma e liberta para o inaudito e inesperado da vida. (Reflexão feita por Jose Irineu Nenevê) Bom estudo!!!!!
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